19.3.08

crónicas # 1 oje


Sobre o Associativismo em Portugal (parte I)


Até há uns anos atrás as empresas do sector têxtil eram representadas por dezenas de associações. Recordo-me que, no desenvolvimento de um plano estratégico para o sector, há já muitos anos, Augusto Mateus defendeu ser essencial para a sobrevivência do sector, que houvesse uma consolidação do espaço associativo de modo a incrementar a representatividade, impacto e capacidade negocial da indústria têxtil Portuguesa. Quando isto foi proposto, nada se moveu. Teve a história de seguir o seu curso, para que este esforço de coordenação, consolidação e concertação de interesses tivesse lugar. Hoje estamos perto de conseguir atingir aquilo que se defendia como inevitável. E esta inevitabilidade prende-se com a capacidade de intervenção numa economia cada vez mais global e por isso mais competitiva. Se o sector têxtil fosse único, poderíamos pensar que esta dificuldade associativa se prendia apenas com as particularidades sectoriais. Mas não! O problema é Português, e prende-se com o síndrome viral da "desconfiite interna crónica" e da "defesa-da-quinta" que parece atacar os portugueses mal se tornam empreendedores no campo político, social ou económico. Quando em palcos internacionais, como seja o Parlamento Europeu, estão em causa interesses nacionais, os deputados dos diversos países falam a uma voz. E rigorosamente todos os países fazem isso!...menos Portugal. Onde, numa reunião internacional, estiverem dois representantes Portugueses de duas diferentes instituições, o mais provável é vermos cada um alinhar pela facção que mais benefícios individuais lhe trouxer. Eu já não digo que é necessário sermos todos amigos e darmo-nos todos bem, mas o minímo que se pode pedir é que deixemos de ser estrategicamente míopes. Caso contrário vamos continuar a dar razão à anedota que diz que "um país que começa com um filho a bater na mãe, não pode acabar bem".