3.6.08

crónicas # poder de vão de escada


Este texto é sobre o poder. Não sobre o grande poder: o "poder sistémico" ou "macro-poder". Antes sobre o pequeno poder: aquele que se exerce nas empresas e organizações em geral, para defesa ou alargamento dos "feudos".

Note-se que esta não é uma questão só nacional; acho que encontrei este exercício de poder em organizações por esse mundo fora. É o poder dos pequenos gestos e dos pequenos sinais, dos pequenos bloqueios e omissões, das intrigas de salão dessas pequenas cortes que são as instituições. Das mexeriquices e dos "oportunos" esquecimentos, lapsos ou distracções. O avanço, recuo ou estagnação das organizações resulta, muitas vezes, deste pequeno poder.

Um amigo meu chamou-lhe "o poder das porteiras, costureiras e cabeleireiras": ou seja, aquele que se exerce no vão de escada e pelos piores motivos: por gula, luxúria, ganância, preguiça, vaidade, inveja ou ira (obviamente todos estes, pecados mortais da vida organizacional: a gula organizacional, a ganância organizacional, etc.).

É o poder que se vê no controle e manipulação da informação, na utilização dos saberes sobre motivação humana para a alavancagem de esforços. Poder que, em última análise, depende exclusivamente do carácter da pessoa que o exerce, ou seja, da nobreza do agente...ou não!

E é muitas vezes do exercício menos moral desse pequeno poder, que conseguimos perceber o verdadeiro carácter de uma empresa ou organização. E, meus amigos!, há por aí tantas empresas más. Vale a pena pensar nisto ("à la RFM"!)