15.10.10

parte I: notas sobre o episódio no ISCSP e sobre o ensino da comunicação


1.abstenho-me de fazer mais comentários sobre a situação clínica de adriano duarte rodrigues. como é do conhecimento público, a psicose aguda (caso em que a pessoa fica fora da realidade, desorientada, muitas vezes não sabe quem é ou onde está, vê e ouve coisas que ninguém mais vê ou ouve - alucinações - , acredita que alguém a persegue ou quer prejudicá-la ou acredita em alguma outra coisa que não corresponda à realidade)pode ter várias causas: abuso de álcool e abuso de drogas, abstinência de álcool e de drogas, doenças psiquiátricas como mania e esquizofrenia, transtornos neurológicos, efeitos colaterais de alguma medicação, problemas clínicos (doenças físicas) tais como infecções, falta de oxigenação do sangue, tumores, derrame, problemas nos rins e no fígado, deficiência de vitaminas, traumatismos (lesões decorrentes de acidentes em geral),convulsões ou efeitos cerebrais pós-cirurgias).

2.não posso acreditar que o episódio possa estar relacionado com o conhecimento (ou sua ausência) da douta figura, pese embora uma consulta ao seu curriculum revele que a douta figura nunca, mas nunca, publicou o que quer que seja nesta área, e tenha, por comparação curricular com qualquer catedrático nacional ou estrangeiro desta área ou de outra, o mais fraco dos registos acdémicos que publicamente se conhece (ao nível das publicações, intervenções e orientações).

3. a haver falha, esta deve ser imputada à faculdade que organizou o júri, que na minha modesta opinião deveria ter atendido a critérios mais elevados de selecção ou recrutamento. desculpa-se, todavia, a imprudência já que a relevância do ISCSP nesta área do saber é nula.

4. erradamente se ligou este episódio ao ensino geral das RP, já que o professor em questão tem cátedra em filosofia da linguagem e, reconhecidamente, não é este o seu campo de actuação, bem como ninguém reconhece ao ISCSP pergaminhos nesta área de ensino. sobre o ensino das RP falarei mais tarde, e sobre a opinião publicada nesta área também, mas avanço que há pelo menos 3 faculdades em Portugal com relevância internacional directa na área (ESCS, U Minho e INP/U Lusofona) e outras 3 com intervenções excelentes em áreas conexas (ISCTE, ISEG e U Nova).

5. só posso falar pela ESCS, faculdade onde lecciono, mas o facto de todas ou quase todas as empresas de conselho em comunicação, agencias de publicidade e algumas direcções de comunicação contarem entre os seus quadros com profissionais da ESCS, significa que pelo menos na ESCS, o que se faz é reconhecido e tem valor

6. é também de estranhar os comentários sobre a necessidade de intervenção das associações do sector já que ninguém sabe se elas foram efectuadas ou não. se foram efectuadas foram-no pelos canais próprios e não em praça pública, de modo a não agudizar mais o episódio (por muito que não se queira, o relacionamento institucional tem regras de funcionamento). estou em crer que a APCE, a APERPEC, a APECOM e a APAP já agiram e estão a defender os interesses dos profissionais e agentes do sector da forma mais elevada e correcta para o episódio e suas circunstâncias.

7. dito isto, deixo um abraço ao Nuno, que muito prezo.