15.10.08

crónicas #15 OJE : confiança nas empresas



Num momento em que tanto se fala sobre a crise financeira, vale a pena pensar sobre a confiança. No dia em que escrevo estas linhas, o OJE diz que os bancos centrais anunciaram uma injecção de liquidez para travar a crise e recuperar a confiança no sistema financeiro; como consequência, as Bolsas reagiram em alta e a Euribor regista uma enorme queda.

A "confiança" traduz uma expectativa de que as palavras e promessas de outros sejam cumpridas e que os seus actos sejam verdadeiros ou fidedignos. É um juízo sobre a capacidade que alguém tem de ser honesto, cumpridor, rigoroso e competente. Aquilo que hoje sabemos, na senda daquilo que Fukuyama escreveu em 1995, é que a confiança é essencial para a construção de relações, que por sua vez influenciam o capital social de uma sociedade e o seu bom funcionamento. Também ao nível das empresas sabemos que quando os níveis de confiança são maiores, as relações são mais estreitas, eficientes e eficazes.

Quando sabemos com que contar e quando conhecemos o carácter de quem está do outro lado, é mais fácil prevermos os desenlaces e consequências das interacções em que entramos e , por essa razão, apostarmos mais fortemente nos relacionamentos mantidos. Sem a existência de confiança, o "castelo" cai por terra minado pela suspeita e pela dúvida sobre as verdadeiras intenções daqueles com quem nos relacionamos. A confiança demora a ser construída, depende da percepção de quem observa e analisa, e sustenta-se nos actos e nas palavras de um sujeito.

Numa sondagem feita pelo Institute for PR, perguntava-se o que deveriam fazer as empresas para reconstruir a confiança; as respostas foram claras: 94% indicaram que as empresas deviam ser honestas e transparentes nas suas práticas de negócio; 93% que deviam comunicar mais clara, efectiva e directamente; 83% apontaram a necessidade de visivelmente demonstrarem preocupação e consideração pelos seus funcionários; enquanto 50% referem que a Administração deve ser irrepreensível nas suas palavras e actos.

É certo que a sondagem feita há 5 anos se refere ao universo empresarial norte-americano, mas não tenho dúvida que as suas conclusões dão algumas luzes sobre o que as empresas têm de fazer no "day after" em que entrámos.