22.4.08

António José Teixeira ao Público de 21.04.2008

"(...)António Barreto disse que hoje nenhum canal faz frente ao poder. Revê-se nessa opinião?
Não. Acho que a comunicação social em geral continua a ser um dos principais escrutinadores do poder. Tenho ideia de que há dois fenómenos: por um lado, do lado dos poderes (económico, político), assiste-se a uma maior profissionalização no recurso a meios significativos de comunicação (agências), uma entourage que vai gerindo a comunicação com habilidade; por outro, nem sempre a comunicação social ganhou força crítica suficiente para enfrentar poderes fortes do ponto de vista comunicacional.
As agências são os novos gatekeepers?
Tentam ser e muitas vezes, se o jornalista não for escrupuloso, profissional, se não fizer bem o seu trabalho, está muito sujeito a ser manipulado. Por outro lado, quem tem responsabilidades políticas muitas vezes não tem sido suficientemente audaz, corajoso, frontal. Por isso, diria que muitas vezes se atribuem responsabilidades de escrutínio aos media que outros também compartilham. Ou seja, por exemplo, nem sempre a oposição tem a coragem ou voz suficiente para fazer o escrutínio do que acontece à sua volta.
O que falta para se conseguir fazer melhor esse escrutínio? Jornalistas mais audazes?
Não, julgo que muitas vezes falta ao jornalismo mais regularidade, aqui e ali mais consistência e preparação, menos precipitação, mais estudo e capacidade. É preciso ser mais distante.(...)"